Enquanto escrevo este post, alimento uma discussão no facebook que começou com uma imagem comparando duas fotos: uma da praia do Rio de Janeiro após a virada do ano e outra de Miami, supostamente feita no mesmo período: após a virada do ano. A diferença é clara: a do RJ está imunda, com mais lixo do que areia e a americana está limpa de dar inveja. Nos comentários, brasileiros indignados: “bando de porco”, disso e aquilo. Pera lá: desde pequena aprendi que o lugar do meu lixo é no lixo. Não há nenhum por perto? Guardo na bolsa para jogá-lo fora assim que chegar em casa. E eu sou brasileira! Então, pessoas que generalizam nosso povo, me incluam fora dessa.

Não leiam este texto como se fosse bronca. Não comecei o ano com mau humor (para falar bem a verdade, eu raramente estou de mau humor), comecei o ano muito pensativa. Minhas resoluções estão diferentes. Esqueça emagrecer, viajar mais, comer melhor. O importante, para mim – por isso repasso para você -, é o seguinte:

★  Admira? Então copia!

Tenho dificuldade para entender por que muito brasileiro generaliza ao falar do próprio povo e ao falar dos estrangeiros, sempre soltam um “ah, mas não são todos que são assim”. Quando o assunto é o povo brasileiro, há generalização (praia suja? Os brasileiros são porcos); quando é estrangeiro, o assunto será a exceção (alemães frios? Ah, não são todos assim!). Você já parou para pensar que seres humanos são seres humanos? Se essa frase é tão óbvia quanto parece, por que você acha que estrangeiros são mais civilizados do que nós? Só havia brasileiro no Ano Novo em Copacabana? É, minha gente, os idolatrados gringos também fizeram o inimaginável: jogaram lixo na areia. Na nossa areia. Por que não fazem isso no país deles? Pelo mesmo motivo que você vem para Europa, acha tudo maravilhoso, aprende que o lado esquerdo na escada rolante é para passagem e, se for para ficar parado, deve se posicionar ao lado direito da escada, compra ticket para o transporte público mesmo que ninguém esteja vendo, acha tudo ótimo, faz tudo correto no país deles, volta das tão sonhadas férias e não repete o que você admirou tanto no nosso próprio país! Se você viaja para um país com fama de ser limpo e organizado, você será assim. Agora, se você viaja para um país com fama de tudo ser bagunça, você viverá um grande oba-oba. Não importa a nacionalidade. É do ser humano. Lembrando: quem faz a fama do país é você. Tanto com seu comportamento quando ninguém estiver olhando quanto com o que você fala para os outros. O que eu quero dizer com tudo isso é: se você vê exceção em estereótipos dos gringos, veja nos brasileiros também. Se você admira algo dos gringos (compram passagem de transporte público mesmo sem fiscalização, por exemplo), ótimo! Copie!

★  Se o assunto for trabalho, não copie. Inspire-se!

Com certeza você já viu a foto de uma mulher em lugares lindos com a mão para trás segurando a do parceiro que captava o momento. Eu não consigo mais ver essa foto, acreditam? É uma imagem incrível, mas com tanta gente imitando, perdeu a graça – o que é bastante injusto para quem a criou. Ao invés de copiar a foto, pense: “que trabalho lindo! Como eu poderia fazer diferente?” Já pensou que o seu trabalho pode ser ainda mais incrível do que aquele que te inspirou?

★  Não julgue alguém por ela ter o que você gostaria

Como blogueira, vejo um exemplo claro: pessoas que têm um trabalho “normal” (acordam cedo, saem, voltam no final da tarde) já me disseram: “seu blog é bem bacana! Pena eu trabalhar fora e não ter tanto tempo para produzir conteúdo como você tem”. Não digo que quem me falou isso agiu com má intenção. Pode ser que sim, pode ser que não. Demorei para aprender a lidar com esse tipo de assunto porque eu sempre me preocupo com a forma com que as minhas palavras chegarão aos ouvidos da pessoa com quem estou conversando. Amigos próximos dizem que eu explico demais e eles estão certos. Sempre me preocupo com possíveis desentendimentos e… de verdade? Acho melhor explicar demais por me preocupar em não machucar a pessoa com quem eu converso do que falar tudo o que vier à cabeça sem passar pelo filtro da “sem-noçãozice”. O interessante é que algumas das pessoas que acham que não tenho emprego, querem ficar tão “desempregadas” quanto eu porque também fizeram blog! Portanto, não julgue alguém com trabalho ou desejos de vida diferentes do seu. Já pensou que eles também podem não querer o trabalho ou estilo de vida que você leva? E isso é ótimo! O mundo não iria para frente somente com arquitetos, médicos, pedreiros, blogueiros ou qualquer outra profissão. O mundo precisa dessa diversidade. Respeite!

★  Nem tudo na vida é falsidade, recalque ou post no Facebook

Achar que a roupa usada pela atriz no Ano Novo não foi um escolha boa, não faz com que você tenha inveja da atriz. Significa apenas que a roupa usada por ela não te agradou. Se um dia você encontrar essa atriz na rua e pedir para tirar uma foto porque a admira, não faz você ser falsa. Gostar ou não gostar da roupa (ou qualquer coisa) de alguém não impede você de gostar da pessoa. Você gosta 100% do seu cônjuge ou da sua melhor amiga? Nenhum dos dois nunca te irritou? E você parou de amá-los? Namorado(a), cônjuge e amigos são frutos da mesma coisa: relacionamentos criados pela vontade das partes envolvidas e com certeza houve brigas, pedidos de desculpas, carinho e conversa… Ter desentendimentos é normal! Discordar de algo não te faz ser recalcado(a) e o fato de você se acertar com essa mesma pessoa não te faz ser falso(a). Ah, e post no facebook não resolve nada. Acha lindo adotar animais? Compartilhe o post, mas adote um quando puder! Acha horrível a praia cheia de lixo? Ajude a limpar! O facebook sozinho não vai mudar o mundo (e isso não deveria ser novidade).

★  Quer ver mudança? Comece você!

Eu não consigo ver injustiça. Não acho que sou a Madre Teresa de Calcutá. Erro para caramba, fico triste com os erros, demoro para me perdoar, mas tento mudar cada defeito que tenho. Tento ser cada dia melhor. Já vivenciei umas injustiças e me faltaram as palavras na hora. Fiquei arrasada por não ter feito nada, por aquela injustiça ter simplesmente paralisado minha habilidade de respostas rápidas. No voo de volta da Tailândia percebi que estou mudando: estava sentada na primeira fileira e, quando o avião pousou, os passageiros já formavam fila para sair. Uma aeromoça novinha estava parada, praticamente ao meu lado. Uma turista pegou o celular e queria tirar foto da aeromoça tailandesa. A aeromoça colocou a mão no rosto e disse que não. A turista tentou novamente, tirando a mão da aeromoça com força. Tudo isso para tirar uma foto… Era possível ver o medo no rosto da aeromoça. Ela veio andando rápido, se protegendo, passou pela minha fileira. Não satisfeita, a turista veio atrás! Sem nem pensar duas vezes, fiz o que pude para proteger a comissária de bordo: no alto dos meus 1,56m me levantei e coloquei os braços na cintura para impedir a passagem da turista. Meu marido percebeu o que acontecia e se posicionou formando uma segunda barreira. Acho que a tailandesa nem percebeu que a defendemos, tamanho era seu nervosismo. Meu marido e eu fomos xingados pela turista e nem ligamos. A sensação de fazer o que achamos ser certo é indescritível!

★  Conheça o SEU sonho e lute por ele

Você entra nas redes sociais e todo mundo parece feliz, contente, realizando sonhos. Às vezes acontece isso de verdade, outras não. Às vezes, sem perceber, vamos atrás de uma felicidade que demora para vir porque estamos realizando sonhos de outras pessoas. Parece que se todo mundo almeja, por exemplo, viajar, é preciso ter o sonho de viajar também. Pare e reflita: você gosta tanto de viajar assim? Não há problema algum se você não gostar! Se as redes sociais estão repletas de pessoas viajando, felizes e você está triste, viajar não vai resolver seu problema. Seja feliz em qualquer lugar, trace o SEU sonho sem olhar o dos outros. Por mais que eu adore viajar, nunca faria uma volta ao mundo, por exemplo. Com certeza é maravilhoso conhecer muitos países, culturas diferentes, mas não me imagino sem ter um porto seguro, um lugar para chamar de “lar” por um ano ou mais. Eu não consigo, mas esse foi o sonho da Babi e do Vagner do blog “Melhores Momentos da Vida” e eles estão super bem. Se eu não aguentaria a aventura de não ter um lar e tudo o que uma volta ao mundo exige, por que vou sentir infelicidade por não ter feito uma volta ao mundo? Consegue ver que essa infelicidade não tem lógica? É exatamente isso que está acontecendo ultimamente! Se seu sonho é passar em um concurso (oi, galera de Brasília!), por que ficar triste com as pessoas saindo se você está em casa estudando para realizar seu sonho? Poderia dar tantos outros exemplos! O fato é: não deixe que incertezas ou felicidades de outras pessoas interfiram nas suas. Quando acontecer algo desanimador, sempre se pergunte o motivo da tristeza para você conseguir identificar se o motivo é realmente algo que te incomoda ou se é algo que os outros acham que deveria te incomodar. Pensou bastante e viu que te incomoda? Mude. Demora um tempo, mas você vai conseguir. Descobriu que é um incômodo que outras pessoas estão passando para você? Fale para si mesmo “essa insatisfação não é minha!”, deixe o incômodo com quem as tem e fique bem!

★  Seu ano não é um livro de 365 páginas

Você sempre pode mudar para melhor. Hoje é dia 3 de janeiro de 2016 e você não está vivenciando o terceiro dia do seu livro de 365 páginas chamado “2016”. Este livro deveria ser contado em horas. 24 horas, para ser mais exata. Cada manhã, ao acordar, você pode mudar e fazer o que é certo. Esqueça o erro de ontem!

Eu sei que ainda vou errar bastante na vida, mas também sei que apesar dos meus erros, amanhã eu vou acordar e dizer:

Hoje começa meu 2016!