A querida Gersilene me mandou um e-mail perguntando se seria possível eu escrever sobre os costumes austríacos, assim como fiz com os alemães. Coloquei as características dos vienenses que eu observei até agora, mas assim que for vivenciando mais coisas, vou atualizando este post, combinado? 
costumes austríacos

Já posso aumentar a lista, minha gente? Quando me mudei para cá, escutei de várias pessoas que os garçons são meio grossos. Em Viena não vale a ideia do “o cliente tem sempre razão”. Eles falam o que pensam. Se o cliente vai gostar ou não de escutar, não importa muito para eles. Não, eles não perdem o emprego por isso. Demorei para vivenciar grosserias, mas tem uma que não engoli até hoje. Não pensem que sou rancorosa ou algo do tipo, o problema é que fiquei sem palavras e isso me irrita. Eu não gosto de ser rude com ninguém e tomo mesmo muito cuidado para não magoar ou até mesmo para não ser mal compreendida, então, quando alguém é rude comigo, assim, de graça, eu fico tão chocada que não falo nada. E convenhamos que tem gente que merece uma resposta das boa, né não?

Um dia Schatz e eu fomos até uma loja de coisas para casa. Precisávamos de um armário para o hall de entrada e queríamos um que tivesse sapateira porque vienense acha que é japonês (na Alemanha também é assim) e quando visitam a sua casa, eles tiram os sapatos na entrada para não sujarem. Quem recebe visita sempre tem pares de “Hausschuhe” – sapatos que só são utilizados em casa, parecem pantufas – para oferecer aos convidados. Ah, caso você seja o convidado, tente sempre perceber se é necessário tirar os sapatos ou não. Como você vai saber disso? Olhe para o chão e veja se perto da porta tem alguns sapatos. Se tiver, é educado tirar. Eu sempre tiro meio que em câmera lenta porque caso não seja necessário, o dono da casa vai falar que não precisa tirar. Se ele não falar nada, continue tirando. Se você estiver de tênis ou bota, sem querer ser sua mãe, mas, porfa: vá com uma meia bonitinha (leia-se: sem furos). Eita que eu já mudei o foco. Voltando para a história, nós fomos à loja só fazer pesquisa de preço e tal. Fomos sem intenção de comprar nada. Eis que de repente, não mais que de repente encontramos O móvel. Era ~apenas~ exatamente do jeito que a gente procurava, ou seja: compramos. Resultado: fomos de metrô e voltamos de táxi. Ao chegar em casa, percebemos que a gente tinha 5 euros a menos do que tinha dado o taxi (ê mania de andar só com o cartão!). Schatz me disse que subiria em casa para pegar os contos de réis(?) e eu respondi que estava com 200 moedas (risos) e seria uma boa chance para gastar. Ê, minha gente! Pode parar de pensar que eu dei tudo em moeda de 1 centavo. Ok, confesso que 1 euro foi, sei lá, uma mistura de moedas de 20, 10 e 5 centavos. O resto foi tudo de 50 ou 1 euro. O taxista soltou fogo pelas ventas! Ficou reclamando mesmo, na nossa cara (continue lendo o post e quando o taxista parar de reclamar, eu aviso!) Só sei que Schatz e eu ficamos sem reação. Sério, como falei antes, se fosse em moeda de 1 centavo, teria motivo mesmo, mas 4 euros em moeda grande… Não precisa ser gênio para contar. Estou certa ou certíssima? Ok, sacaneei no 1 euro em moedas 20, 10 e 5, mas nada de tão grave, oder? Fiquei muito mal, mas como era perto do ano novo, já fiz aquela promessa de: “2013 vai ser diferente”. Estou só aguardando povo ser grosso comigo de novo. Já tenho até discurso pronto para diferentes ~modalidades~ (#alouca).

Não se assustem, queridos! Em geral, os austríacos são muito gentis! Ovelha negra tem em qualquer lugar, né não?

Acabei de me lembrar de outra coisa! Vou até colocar em forma de tópicos para ficar mais fácil vocês identificarem:

Quando eles perguntam “Tudo bem?”, eles realmente querem saber como está sua vida. Se você perguntar “Wie geht’s?” em uma má fase da pessoa, ela vai dizer: “nossa, que bom que você perguntou! Não estou bem não… Cheguei em casa, olhei para o meu dogue alemão e ele estava com uma pena na boca. Logo percebi que ele comeu meu papagaio, cara! Meu papagaio! Ah não… Como ele pôde fazer isso? POR QUÊ? PORRRRRRRRRRRRRR QUEEEEEEEEEÊ?“. Bem diferente do Brasil, onde nosso “oi” já vem com um “tudo bem?” no pacote e a resposta é sempre: “tudo bem!”;

Em restaurante, o garçom vai te perguntar como está a comida. Ele espera mesmo que você diga se está muito salgada, sem gosto, passou do ponto ou se está boa. Meu amigo alemão, fala sempre o que ele acha e é algo normal por aqui. Eles falam bem tranquilos “olha, ficou muito salgado, ficou isso e aquilo”. Para eles, falar a verdade vai ajudar o restaurante a crescer. Se falar que estava bom, sendo que não estava, eles nunca vão saber onde está a falha deles. Achei o argumento válido, mas não consigo falar sempre o que eu acho porque não quero ser cruel com alguém… Quando eu falei a verdade (aconteceu só uma vez), eu fiz questão de elogiar alguma coisa. Ex: o macarrão estava duro, mas o molho estava muito saboroso! Foi o jeito que encontrei para falar a verdade sem sentir como se eu estivesse sendo cruel com a outra pessoa.

Se alguém já tiver passado por alguma situação e ficou sem saber o que fazer (se é educado ou não) e eu não coloquei aqui, é só mandar um e-mail que eu acrescento a resposta neste post, ok?

Beijos e bom final de semana, queridos!

P.S.: e a nota musical marcando os tópicos? A cara de Viena! 😀

P.S.2: o taxista está quaaase parando de reclamar. Aguenta aí mais uns 3 minutinhos!